Pela 1° vez em uma década a Netflix registrou queda de 200 mil assinaturas em suas receitas e com a expectativa de que continue caindo. Os motivos: Guerra na Ucrânia e os novos players do mercado com seus planos, facilidades e pacotes mais em conta.
O chefão da Cia. Reed Hastings argumenta que: “Aqueles que acompanham a Netflix sabem que eu tenho sido contra a publicidade no streaming e sou um fã da simplicidade das assinaturas, mas por mais que eu não goste disso, eu sou a favor da opção do consumidor.”
Hastings se refere às operadoras de streaming que estão vendendo anúncios publicitários, práticas usuais de Disney e HBO. Ainda que acabem “poluindo” os conteúdos, essas receitas respondem por uma importante fatia do faturamento das companhias.
A Netflix projeta uma queda de mais de 2 milhões de assinantes para os próximos meses, ainda que estejam “saindo do forno” dois grandes lançamentos com novas temporadas de: “Ozark” e “Stranger Things” e da estreia do filme: “The Grey Man”, com Chris Evans e Ryan Gosling.
Há também uma infinidade de lares “dividindo contas“, combinado com a competição no setor que acabou criando um vento contrário para as receitas da Netflix. “O boom do streaming impulsionado pelo Covid se obscureceu nesse novo cenário que se apresenta”, disse a Netflix.
Hoje, existem mais de 100 milhões de lares com acesso ao serviço de streaming que compartilham contas. 30 milhões destes estão nos EUA e Canadá. A última vez que a Netflix sofreu perda de usuários foi em outubro de 2011. O número atual de assinantes é de 221,6 milhões.
As ações da Netflix despencaram nos últimos meses em mais de 20%, e as perdas alcançaram US$ 40 bilhões de dólares. É a segunda vez que a empresa surpreende os investidores neste ano. Antes, havia anunciado que o crescimento de assinantes diminuiria de forma abrupta, em 2022.
Mesmo assim, as receitas do primeiro semestre cresceram 10%, chegando à US$ 7,89 bilhões, pouco abaixo da projeção de US$ 7,93 bilhões esperada: “Eles sofrem com uma combinação de: saturação, inflação, guerra e concorrência, afirma Michael Pachter da Wedbush.
E complementa: “Eu não acho que nenhum de nós esperava que tudo acontecesse de uma só vez”. A expectativa era de que o líder do mercado tivesse um crescimento mais lento em meio à intensa movimentação da concorrência como: Amazon, Disney e Apple”.
Segundo a Ampere Analysis, as operadoras de streaming investiram US$ 50 bilhões de dólares no ano passado para a produção de conteúdos a fim de atrair assinantes. Um aumento de 50% em relação à 2019, quando uma infinidade de novas operadoras se lançaram no mercado.
A Netflix observou na época que: apesar do aumento da concorrência, a sua participação no mercado americano permaneceria estável e projetou que: “Sua participação no mercado cresceria pela variedade de conteúdos e a fidelidade dos seus clientes “.
A estratégia agora é estimular ainda mais a qualidade das produções e serviços, e finalmente iniciar uma cobrança com taxas e/ou multas em mais de 100 milhões de residências que fazem compartilhamento de contas, utilizando contratos de forma indevida.
A Gigante do Streaming balançou, mas enfatiza as suas possibilidades no crescimento global: “Enquanto milhões de residências pagam pela Netflix, mais da metade do mundo ainda não tem banda larga. Isso representa um enorme potencial de crescimento para o futuro.”
Uma outra questão trata da internacionalização da Netflix. Três dos seis programas mais populares do streaming não são falados em inglês: “Round 6”, “All of Us Are Dead” e “La Casa de Papel. A Ásia foi a única região do mundo em que a Cia. aumentou o seu número de assinantes.
Para conseguir sustentar suas estratégias a Netfllix vem se destacando na qualidade das produções de seus filmes e as premiações no Oscar, mas ao mesmo tempo implementa sua visão universal, estruturando o novo projeto de produções de Filmes para a TV para mais de 50 países.
A empresa ainda abriu mão de 700 mil clientes da sua operação na Rússia e também elevou os custos para assinantes de EUA e Canadá o que provocou a perda de outros 600 mil assinantes. Segundo a Netflix: “A perda de clientes foi compensada pelo impacto positivo na receita’.
A Netflix está mesmo sendo atacada de todos os lados: concorrência, publicidade, contas compartilhadas, guerra de preços e perda de assinantes; mas ainda é a número 1 dos amantes do streaming. Aliás, Netflix é um nome que se confunde com streaming.
Ninguém tira o mérito de Reed Hasting que há 15 anos atrás abandonou um negócio de locação de vídeos, apostou tudo numa nova tecnologia e se consolidou como o benchmarking do mercado, conquistando um status incomparável em qualidade de serviços, produções e premiações.