Se meu Fusca não falasse

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O “Projeto Fusca” foi encomendado por Adolf Hitler antes da 2ª Guerra Mundial. Era um projeto improvável que tinha tudo para dar errado. Quem poderia imaginar que aquela ideia polêmica se transformaria no carro mais icônico da história. O modelo tem vários nomes e apelidos: Na Alemanha, é Käfer. Os americanos o chamam de Beetle e os portugueses o batizaram de Carocha…
 
A Volkswagem foi criada no ano de 1937 como companhia estatal bancada pelo governo alemão para produzir o modelo Kdf-Wagen, leia-se Fusca. De uma empresa de um produto só, anos mais tarde a companhia seria privatizada e, aos poucos, foi ganhando credibilidade, especialmente depois da incorporação da Auto Union , que marcou o início da expansão do Grupo, nos anos 1960.
 
O Grupo Volkswagen fechou o ano de 2021 mantendo a segunda colocação entre os maiores conglomerados  automotivos do mundo, com 9,9 milhões de automóveis vendidos, atrás apenas da japonesa Toyota com mais de 10 milhões de carros vendidos, a líder do setor.  Embora no Brasil ela seja conhecida pelos veículos de passeio, o Grupo VW agrega 12 marcas distintas a conferir:

 

A Audi foi a última das marcas restantes do Grupo Auto Union, que reunia quatro montadoras: Audi, DKW, Horch e Wanderer. Reconhecida pelas quatro argolas entrelaçadas, a marca ficou abandonada após a 2ª Guerra e ressurgiria em 1965, quando da aquisição da Auto Union junto à Daimler-Benz e abandonou a DKW com seus motores 2 tempos, reposicionando Audi como linha de carros de luxo.

 

A marca britânica passou boa parte da história ligada à Rolls-Royce com versões de apelo esportivo, diferentes dos sofisticados modelos da conterrânea. As empresas tomaram caminhos distintos a partir de 1998 quando a Rolls-Royce foi para a BMW e a Bentley para a VW. A linha Bentley atual possui quatro modelos: o SUV Bentayga, o Cupê, o Continental e o sedã Flying Spur.


Revivida em 1987 pelo empresário italiano Romano Artioli para produzir o supercarro EB110, a tradicional marca francesa é parte do Grupo VW desde 1998. Fiel a receita de produzir “carros dos sonhos”, a Bugatti produz hoje o Chiron (um dos mais velozes do mundo) e o exclusivo La Voiture Noire, conhecido como o carro mais caro da história (11 milhões de euros).

 

 
Fundada em 1926, a Ducati trocou várias vezes de dono. Desde 2012, é administrada pela divisão Audi. A marca é conhecida no Brasil por modelos esportivos como Panigale V4 S, de 217 cv; a despojada linha Scrambler para trilhas e aventuras e a robusta Ducati Monster 1100 cv, a inspiração da Batmotocicleta. A Ducati hoje é o braço motociclístico do Grupo Volkswagem.
 

 

A Lamborghini é o resultado do que um cliente insatisfeito, rico e inteligente pode fazer. A marca de esportivos foi fundada em 1963 por Ferruccio Lamborghini, após discussão com Enzo Ferrari. Responsável pelos esportivos Countach e o Diablo, a cia. permaneceu na família até os anos 1970. Depois passaria pela Chrysler e um grupo malásio/indonésio até chegar ao Grupo VW, em 1998. 

 

A MAN é a empresa alemã cujas origens remontam de uma fundição de metais construída no Século XVIII. Os primeiros caminhões foram produzidos só em 1915, com a formação de uma joint venture com a companhia suíça Adolph Saurer AG. A MAN foi incorporada ao Grupo VW, em 2011. No Brasil, ela é comandada pela divisão Volkswagen de Ônibus e Caminhões.

 

A Porsche e a Volkswagen sempre tiveram uma ligação orgânica. O projetista do Fusca, Ferdinand Porsche é o pai de Ferry Porsche que transformou a empresa de engenharia da família em fábrica de carros esportivos. Atualmente, a Porsche faz parte do Grupo Volkswagen como divisão de veículos premium, que por sua vez tem como um de seus principais acionistas, a família Porsche.

 

A sueca Scania foi fundada como Scania-Vabis, em 1911. Durante anos foi parte do grupo Saab que era também montadora de veículos até um passado recente, mas hoje é uma empresa de aviação e defesa responsável pela fabricação dos caças Gripen da Força Aérea Brasileira. A Scania veio para o Grupo VW em 2011 com a incorporação da MAN e o controle acionário da Scania.
 

 

A espanhola Seat foi fundada em 1950, inicialmente como fabricante estatal de automóveis. Os primeiros carros eram feitos sob licença da Fiat, que teve participação societária até 1982. Após o rompimento com a montadora italiana, o grupo alemão assumiu o controle total da Seat, em 1986. São carros da marca com visual esportivo feitos sobre plataformas Volkswagen.

 

Skoda é uma das marcas de carros mais antigas do mundo, fundada em 1895. Foi estatizada em 1948, após a chegada dos comunistas, na então Tchecoslováquia (hoje, República Tcheca). Foi uma das primeiras empresas privatizadas após o regime comunista. Foi incorporada ao Grupo VW em 1990 seguindo a linha de populares com o Up! (Skoda Citigo) e o T-Cross (Skoda Kamiq).


A primeira montadora do Grupo, a Volkswagen é até hoje a campeã em vendas. Responde por mais da metade das vendas dos veículos do Grupo. Em seu portfólio estão campeões mundiais de vendas e satisfação dos clientes como: Amarok, Gol, Golf, Fox, Jetta, New Beetle, Nivus, Kombi, Parati, Passat, Polo, Saveiro, Tiguan, Touareg, UP, Voyage e claro, o Fusca. 

Além das marcas famosas, o Grupo VW contempla o braço de veículos comerciais tratados de forma separada. Na Europa comercializa modelos como picape Amarok e veículos comerciais leves de carga e passageiros Transporter. No Brasil, a divisão de caminhões e veículos comerciais vende chassis para ônibus e caminhões e as linhas que vão do Delivery ao pesado Meteor.

A História do Fusca

A origem do Projeto Fusca é dos anos 1930. No regime hitlerista ganhava força a ideia de se elevar a Alemanha a um nível de modernidade compatível com as grandes potências mundiais. A introdução do rádio, por exemplo, foi batizada de: “Volksempgänger” ou “Receptor do Povo”.
 
A mesma lógica se aplicou à geladeira, chamada de “Volkskühlschrank”,“Refrigerador do Povo”. Assim, o regime nazista lançava várias iniciativas batizadas com termos populistas. Volkswagen significa “carro do povo” e anos mais tarde se tornaria a Logomarca da companhia. 
 

Em 1932,  os primeiros esboços de Ferdinand Porsche começam a criar forma
A Alemanha da época, tinha uma sociedade pouco motorizada, com veículos acessíveis apenas à classe alta. Hitler encomendou ao projetista Ferdinando Porsche o protótipo de carro acessível e barato, mas que cumprisse algumas exigências curiosas como a adaptação de uma metralhadora sobre o capô.
 

Para a construção do projeto, Porsche garantiu o respaldo do governo. A ideia era diminuir custos de produção e o governo destinou um local para construir a fábrica com infraestrutura necessária e que acomodasse os operários. Assim nasceu a cidade de Wolfsburg, sede da Volkswagen até hoje.

A Alemanha da época, tinha uma sociedade pouco motorizada, com veículos acessíveis apenas à classe alta. Hitler encomendou ao projetista Ferdinando Porsche o protótipo de carro acessível e barato, mas que cumprisse algumas exigências curiosas como a adaptação de uma metralhadora sobre o capô.
 
Para a construção do projeto, Porsche garantiu o respaldo do governo. A ideia era diminuir custos de produção e o governo destinou um local para construir a fábrica com infraestrutura necessária e que acomodasse os operários. Assim nasceu a cidade de Wolfsburg, sede da Volkswagen até hoje.
A pedido de Hitler, o governo alemão investe em 3 protótipos de Porsche
O “Carro do Povo” teve dificuldades para atingir seu propósito inicial. A sociedade alemã era adepta da bicicleta e o automóvel era visto como um lazer reservado à classe média e aos ricos. As primeiras unidades foram, em sua maioria, destinadas as autoridades do alto escalão  do governo.
 
Mas os esforços de guerra nazistas interromperam a produção do Fusca que foi substituído por uma versão militar. Similar a um jipe, o protótipo tinha o nome de “Kübelwagen”,“carro caixote”. No fim da guerra a maior parte do maquinário instalado estava intacto, o que facilitou a retomada da fábrica.
 
Enfim, sua excelência, Volkswagen saiu do papel

Fusca do Brasil

O Fusca chegaria ao Brasil nos anos 50, contemplando os ares de democracia. Juscelino Kubitschek assumiu o país na esteira do “nacional-desenvolvimentismo” com o slogan: “50 anos em 5”. Ele criou os subsídios que viabilizaram a indústria automobilística no Brasil concentrada na região do ABC.
 
O Fusca começou a ser vendido no Brasil em 1950. O carro vinha desmontado da Alemanha e não era montado pela Volkswagen, que ainda não possuía fábrica no Brasil. A empresa responsável pela montagem era a Brasmotor. O modelo importado, tinha o vidro traseiro dividido em dois.
 
A Fábrica da Volkswagen no Bairro do Ipiranga, em São Paulo

Em 1953, o Fusca passou a ser montado pela Volkswagen com peças vindas da Alemanha. O novo modelo já trazia a janela traseira única, oval. Em 1959, foi iniciada a produção do Fusca no Brasil com peças nacionais em um galpão alugado no bairro do Ipiranga, em São Paulo. 

Em 1959, finalmente a Volkswagen lançaria o primeiro Fusca fabricado no Brasil. JK aproveitou a fama de pai da indústria automobilística brasileira para desfilar a bordo do veículo. A concorrência também daria as caras no Brasil. A francesa Simca lançou a linha de luxo Chambord, na mesma época.

A incipiência da indústria de autopeças dificultou a operação da Volkswagen que sofreu para atingir os 54% de nacionalização previsto em Lei. Em 1965 foi o lançado o modelo com teto-solar, conhecido como “Cornowagen“. O acessório foi rejeitado. Alguns proprietários mandaram fechar o teto . 

O Cornowagen não “pegou”
Em 1967, o Fusca adotaria o motor de 1.300 cc. O vidro traseiro ficou maior e o acionamento de seta foi para coluna de direção. Foi o fim do sistema elétrico 6 volts e início da era 12V. O novo motor 1500 cc de 52cv chegou em 1970. Houve mudanças na tampa do motor, porta-malas e para-choque.
 
Fuscão1600-S passou a ser vendido em 1975 com carburação dupla e 65 cv, volante esportivo, rodas aro 14 e painel com relógio e marcador de temperatura. Em 1984, o motor 1300 cc saiu de linha. Veio o 1600 cc mais moderno, com freio a disco e lanternas “Fafá de Belém” que viraram padrão.
 
 
O Fusca ainda evoluiria em detalhes mantendo um público fiel durante décadas no Brasil. Nos anos 1970, ganhou cinto de segurança e testes de colisão. Mas a produção foi interrompida em 1980, na época a fábrica e o carro foram taxados como obsoletos. Mas este ainda não seria o fim da história.
 
Em 1986 a Volkswagen suspenderia a fabricação do Fusca no Brasil,  ainda que o último modelo fosse o segundo em vendas. Foi o final de uma saga de 36 anos do Fusca no Brasil para a tristeza de uma legião de fãs de “Loucos por Fusca”. Mas o besouro ainda teria uma breve sobrevida. 
 
Nos anos 1990, o presidente Itamar Franco fez uma acordo subsidiado com a Volkswagen para retomar a produção do Fusca. O acordo polêmico não levava em conta os avanços tecnológicos da indústria automobilística. O carro ficou conhecido como o o “Fusca do Itamar”.
 
Fusca Itamar, último suspiro no Brasil

O clássico ainda não havia passado por atualizações que viriam algum tempo depois com o New Beetle. A evolução tecnológica do veículo só avançou com a engenharia de 211 cv, que 60 anos depois do seu lançamento, equipariam o “Novo Fusca”.

O New Beetle renovou a paixão pelo Fusca.
O Novo Fusca era das Galáxias
Mas apesar das inúmeras tentativas de adaptar o veículo aos  novos tempos, o projeto precisou mesmo dar um tchau para a história. Em 2019, o último modelo seria vendido no Brasil. O “final edition” produzido no México, foi adquirido por um colecionador brasileiro. Mas a história não acabou.
 

O Legado

20 de Janeiro, Dia nacional do fusca
O Fusca é o modelo único mais produzido da história. Ficou 60 anos em produção, entregando mais de 21 milhões de unidades. O design clássico arredondado com  motor boxer são velhos conhecidos do público brasileiro que inspirou derivados como: Karmann Ghia, Variant e Kombi.
 
O clássico da VW tem tantos adeptos que os chineses criaram sua própria versão: o Ballet Cat, veículo elétrico com o design muito similar. Suas formas inconfundíveis são até hoje utilizadas ainda como decoração em bares, restaurantes, eventos, baladas e promoções…
“Rénmín de chē” , o carro do povo em Chinês
Apesar da origem controversa, o Fusca acabou se tornando o oposto do que Adolf Hitler desejava. O sucesso comercial em países democráticos e em economias emergentes como o Brasil teve uma importante participação do Fusca para o aumento da mobilidade urbana em tempos de paz. 
 
A própria Alemanha é um exemplo como um dos 15 países mais democráticos do mundo. A Volkswagem é um dos pilares da economia alemã com mais de 70 anos de atuação. Um, em cada três carros de alemães é fabricado pelo Grupo VW. 
 
O Fusca foi um símbolo do desenvolvimento do Brasil. Foi pano de fundo para o “milagre econômico” e usado imagem de um Brasil grande. Nos anos 1980, o Presidente Fernando Collor chamou os carros nacionais de carroças. Seria o recomeço da indústria automotiva no Brasil.
 
Animação da Volkswagen para se despedir do fusca
Koz e o Shurastey até o Alaska num Fusca
 
Desde 2017 Jesse Koz e seu inseparável golden retriever vêm subindo o continente americano com o objetivo de chegar até o Alasca, em setembro/22. Eles já haviam passado por 17 países. A conta no Instagram da dupla bate meio milhão de seguidores. Eles estão com um modelo Fusca 1978, o Dodongo.
 
Com placa de Balneário Camburiú-SC, sua conta no Instagram tem registros da viagem em cidades dos EUA, Chile e Litoral do Brasil. O influencer virou uma celebridade digital seguida por artistas e famosos. Lamentavelmente um grave acidente abreviou a vida de Koz aos 29 anos e também matou Shurastey. 
 
Jesse e Shurastey na Times Square-NY
No último post, Koz fez uma homenagens ao seu companheiro de estrada e escreveu”: Ele não quer saber se é de fusca ou de carro novo, se eu estou bem vestido ou engordei. O que importa é estar ao meu lado, essa amizade é a mais pura e verdadeira que qualquer ser humano poderia ter”. 
 
Essa é mais uma história de aventureiros que se propuseram a rodar o mundo num fusca, com dificuldades de grana, percalços, aduanas, carro e recursos para prosseguir. Eles estavam há mais de 3 anos na estrada entre idas e vindas mas muito animados e por já estarem bem próximos ao Alasca.
 
Essa é uma história que se confunde com o Fusca que ultrapassou fronteiras, conquistou países, rompeu barreiras e encantou gerações, interagindo com outras culturas e muitas aventuras. No final, não importa aonde você quer chegar. O importante na vida, são os caminhos que você percorreu.
Os eternos parceiros em frente à Golden Gate-SF
Uma entrevista especial com o “fuscólogo”, Luís Henrique Paiva D’Elia
 
 
P1: Por que você escolheu ter um fusca? Qual o modelo?
 
Eu sempre quis ter um fusca, mas não encaixava no meu dia a dia por conta da família. Na chegada do meu segundo filho, precisei ter um automóvel para poder fazer o transporte das crianças e dar conta do dia-à-dia, já que minha esposa também precisava usar o carro para trabalhar. E aí pensei, não vou comprar um carro normal mas também não vou pegar um pangaré. A ideia era pegar um carro que tivesse manutenção e impostos baixos. Ai eu pensei: vou procurar um fusca. Comecei a caçar um fusca e fiquei 6 meses procurando. Contei para o meu pai e ele se empolgou todo. Meu pai já teve dois fuscas e casou de fusca. Quando eu nasci, ele tinha um fusca 1972 branco que apelidou de “Jacaré”. Como meu pai já entendia bem de fusca, ele me ajudou a “caçar”. Vi vários fuscas mas nenhum tinha me chamado tanta atenção como um que achei na Internet. Falei pro meu pai :“ó tem esse aqui” ele falou: “bonito o carro, esse modelo é legal”. Eu queria uma cor discreta e clara, e ai combinei de ir ver o carro. Na época meu filho tinha 4 anos e o meu pai se animou de ir também. Fomos nós então até Santo André ver o fusca. Chegando lá, chamei o proprietário, ele tirou o fusca da garagem e parou na lateral do prédio. Meu pai já brilhou o olho, o Otto(meu filho) começou empolgado: “Olha o fusca pai, o fusca pai”. Ele não sabia que o carro era um fusca, e achou o máximo. O valor não estava caro. O dono queria vender o carro porque precisaria se deslocar para outras cidades e o fusca não é tão apropriado no quesito segurança. Quando a gente estava vendo o carro, o dono fez uma série de perguntas do tipo: “Por que a gente queria o carro ?”,“Se a gente não ia revender?”,”Qual a intenção de uso do carro?”. Ficou claro que ele queria alguém que cuidasse do carro como ele. O Otto então pulou para dentro do carro com o filho do dono e começaram a brincar no fusca. O proprietário ficou olhando aquela cena do filho dele e o meu. Meu pai, apaixonado já olhando o carro por cima e por baixo, ai o vendedor disse: “Eu queria alguém que quisesse ficar com o carro”. Ele era o segundo dono. Depois de finalizar a conversa, chegamos em um valor e fechei negócio. Quando fui buscar o carro, meu pai e meu filho também foram juntos. O proprietário levou o filho dele, Gabriel que deu para o meu filho um caminhãozinho dos Correios, que o primeiro dono do carro havia dado para o seu neto que era amigo dele que por consequência deu para ele na compra do carro, que entregou para o meu filho. Ele disse que o carrinho faz parte do carro. O carrinho está guardado em casa, todo original. Estou com o fusca desde 2018 e não optei pela placa preta para não chamar muita atenção para assaltos. O carro veio com manual de instruções original e manual técnico de como desmontar e montar um fusca.
 
P2: Qual é a sensação de dirigir um fusca?
 
É um negócio meio surreal, parece que a vida passa diferente dentro dele, é chamar a atenção pelas coisas simples, sem muito luxo, sem frescura, é o que mais me agrada nele. Não importa onde você pare, um semáforo ou um posto, tem sempre alguém perguntando do carro, alguém querendo ver, eu lembro a primeira vez que fui buscar meu filho na escola e a molecada alvoroçada. Tive que colocar 8 crianças no carro e dei uma volta no quarteirão para todo mundo andar de fusca.

 

P3: Você prefere o carro original ou modificado?
 
Ele é um modelo original mas com adaptações como o uso de bobina ao invés de platinado, alteração na suspensão e freios para o carro ficar mais seguro. As características gerais eu prefiro originais mas sem placa preta. A burocracia para conseguir e manter a placa preta é puxada, você tem que fazer parte de um grupo de antigomobilismo e o custo é alto, além de chamar atenção. A placa preta certificada, exige pelo menos 80% das peças originais do carro em um mercado superaquecido.
 
P4: Você já teve alguma complicação dirigindo ele?
 
Sim, tive um problema que arrebentou o cabo de embreagem na rua, mas fora isso o carro está funcionando muito bem. É um clássico, você tem que tomar vários cuidados e algumas limitações para evitar acidentes.

 

P5: E como funciona com a família pra levar todo mundo? Fazer viagens? O que eles acham do carro?
 
Eu fiz algumas adaptações, coloquei cadeirinha no banco de trás para a minha pequena. É um veículo como qualquer outro, vou buscar filhos na escola, ao mercado, trabalhar, faço tudo com ele…É o meu carro do dia a dia. Minha esposa prefere o conforto do ar-condicionado mas as crianças amam o fusca. Minha mulher também anda no fusca. Dá até para viajar para distâncias curtas. Viagens longas, a gente deixa o fusca em casa, pelas limitações de velocidade, estabilidade e segurança.  
 
P6: Você participa de algum grupo de usuários de fusca ou carros clássicos?
 
Aleatoriamente eu participo de alguns eventos com grupos mas, nada oficial.

 

P7: Já lhe pararam na rua pra dar uma olhadinha no carro, tirar fotos ou fazer propostas?
 
Onde estiver, sempre vem alguém perguntar o ano, o modelo e dar uma conferida, tirar fotos e etc… 
 
P8: Pretende ter outro carro clássico além do fusca?
 
Se pudesse, eu gostaria de ter uma Kombi Corujinha.
 
P9: Parece que houve uma história curiosa recente onde tentaram lhe subtrair o fusca?
 
Sim. Eu estava dando aula às 17h, minha sala tem uma janela de 40 m2 que vejo a rua. De repente ouço o barulho do motor do fusca. Todo dia andando no carro é como imaginar a voz do seu filho no meio de várias crianças e você ouve um só choro e sabe que é dele. Pensei: “não é possível, esse é o meu carro”. Olhei para ver o que estava acontecendo e vi o carro indo para trás com um sujeito dentro. Sai correndo e gritando “Estão roubando meu carro”…, fui atrás do carro correndo, ele entrou em uma rua estreita e estava bem perto dele quando ele entrou numa avenida e começou a se distanciar. Em seguida veio um motociclista na minha direção e eu estava na contramão e pensei: “Vou parar o motociclista, pedir ajuda e ir atrás do carro”, Parei o motociclista, ele abriu o capacete e para a minha surpresa, era meu padrinho de casamento. Gritei: “Roubaram o meu carro”. E ele: “Eu vi o fusca”. Subi na garupa e fomos atrás mas o ladrão se embrenhou em uma das travessas e o perdemos. Para minha sorte encontramos uma viatura na rua e passei as informações do carro. O policial jogou no rádio e em 10 segundos já começou a apitar no rádio onde o carro estava. Dava para observar pelas câmeras de segurança. Em cinco minutos a gente tinha recuperado o carro. Não sei como o ladrão abriu o carro sem arrebentar a porta, nem quebrar a trava de direção e ligar o carro sem estourar o contato. Parece que ele estava sabendo exatamente o que e como iria fazer. 

 

P10: Afinal, qual é o nome do seu fusca?
 
O apelido do fusca é “Genésio”, escolhido pela minha mãe.

 

P11: Para finalizar, você tem alguma dica para quem pretende adquirir um fusca?
 
Nem sempre os melhores estão no interior. Pesquise bastante, quanto mais original, menos donos e aventureiros, melhor. Leia tudo o que puder sobre, e entenda que o Fusca não é apenas um carro, é uma filosofia.
 
O @vw_genesio na cidade de Santos-SP

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5 respostas

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