Quem é você no Instagram?

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Outro dia estava vendo alguns stories no Instagram e, de repente, uma sequência de 3 stories completamente distintos de pessoas completamente diferentes me fez refletir.

O primeiro story era um evento, um encontro de pessoas de determinado ramo. Todos vestidos de maneira elegante, numa quarta-feira, um coquetel rolando, pessoas com seus copos na mão, maquiagens, sorrisos e flashes. Era visível que era um evento de negócios, algo sério e importante.

Passei pra frente, outro story e outra pessoa. Já logo veio um sorrisão estampado em primeiro plano e a França no plano de fundo, uma música suave enfeitando a imagem. Alguém que fazia uma viagem de 1 mês pelo país, conhecendo lugares incríveis e, visivelmente, feliz e realizada.

Outro story, outra pessoa. Uma tela de tv que exibia alguma cena de filme pausado e pés cruzados na frente dela. Uma clara situação de relaxamento em casa.

Depois de ver estas três imagens seguidas, fiquei algum tempo pensando sobre o que faz as pessoas felizes, sobre como julgamos aquilo que vemos e como o Instagram funciona nessa coisa de vitrine do lado bom da vida.

Claro que não estou aqui para julgar os conteúdos de stories e nem para dizer o que mais se assemelha ao meu estilo de vida, já que isso não tem qualquer relevância para o assunto que quero tratar, porém, você, leitor (a) há de convir comigo que estamos falando sobre 3 pessoas de comportamento e preferências absolutamente diferentes.

E, acho que, justamente por isso, a reflexão é interessante. Então pergunto, o que será que realmente incomoda dentro do Instagram, o exibicionismo ou o julgamento?

Seguindo este raciocínio, o que realmente incomoda no Instagram é o fato de desaprovarem aquilo que é postado então?

Ainda estamos tratando apenas de stories, mas se levarmos isso para o feed, que é a vitrine fixa, ou seja, aquela que alguns levam o conteúdo mais a sério, já que ele vai ficar lá sendo exibido para quem quiser ver e não vai sumir em 24h. Bom, em se tratando de feed, o grau de exigência é ainda maior.

Mas como fica quando você mostra algo que as pessoas simplesmente não se interessam ou quando não se identificam? Claro que os interesses das pessoas que rodeiam alguém são bem variados, mas geralmente bem parecidos com a pessoa que está postando, porque assim se fazem os círculos de amizade. Porém se levarmos isso para um âmbito maior, conseguimos entender um pouco de onde vem a crítica. Entende?

Vamos a um exemplo:

Suponhamos que Maria poste um vídeo no seu feed que mostre que está num evento elegante, Maria é uma pessoa que busca ter um estilo de vida diferente, priorizando seu bem-estar, sua carreira e suas conquistas materiais. Aquele coquetel onde ela está é extremamente importante para ela tanto no quesito pessoal, quanto profissional.

Luiza é seguidora de Maria no Instagram, elas são conhecidas distantes, alguns amigos em comum, mas com estilo de vida radicalmente diferentes. Luiza também acabou de postar um carrossel de fotos da viagem que está fazendo pela França, conhecendo várias cidades durante o tempo de férias que ela mesma se deu, depois de muito planejamento.

Então, uma vê o post da outra. O julgamento é instantâneo, mais rápido que o like. Maria pensa “Nossa, a França? Por que não foi conhecer outro país melhor? Ontem ela não estava na cidade x, hoje já está na cidade y? Mal teve tempo de conhecer os lugares. Não deve ter se planejado o suficiente. E olha o mês que a gente tá. Será que ela não trabalha? Parece que vive viajando. Mês passado ela não estava numa casa de praia no litoral? Affe, gente que não quer nada com a vida”.

Do outro lado, Luiza pensa: “Como alguém pode ser feliz nesse meio social, cheio de sorrisos falsos, gente com papo superficial. Um querendo ser mais que o outro, na disputa pra ver quem acumula mais riqueza e parece ser mais feliz, quando todos estão depressivos. Essa gente que só respira trabalho, mal tem tempo pra apreciar a vida de verdade. Affe, gente que não aproveita a vida”

A verdade é que o conteúdo de uma nunca vai agradar a outra por conta de julgamentos. Uma julga que a outra é infeliz e a outra julga que a outra não quer nada com a vida. Isso porque de certa forma, nós sempre achamos que o que a gente pensa é a grande verdade absoluta e não consegue se colocar no lugar do outro, simplesmente porque estamos presos aos nossos conceitos, ideias e crenças.

Se eu fosse você – (Foto: Globo/Reprodução)

As três pessoas estão mostrando o lado bom da vida delas, estão exibindo suas conquistas e claro que, os amigos sempre estarão felizes e vibrando por elas. Mas quem não faz parte do círculo social, e não se identifica com o estilo de vida, provavelmente vai criticar, julgar e desmerecer.

O importante é reconhecer que todos nós temos esse dedo apontador mesmo que a gente negue. E que não podemos esperar aprovação de todo mundo, sendo que nós mesmos somos bem seletivos com a aprovação dos outros, e ainda. Não devemos esperar por essa aprovação, já que como trouxe no texto, não é todo mundo que vai gostar, a grande questão aqui é: Você gosta do que você está fazendo? Do lugar onde você está? Das suas conquistas? Se você disse sim para todas as perguntas, então é isso que realmente importa.

O Instagram é só uma ferramenta que funciona como uma lupa no comportamento humano. Ele nos possibilita observar o outro e sermos observados não apenas no sentido físico e ilustrativo, mas também comportamental.

Ele não traz apenas os insights de horários, dias da semana e conteúdo que teve mais engajamento, ele também te faz refletir sobre si e como você vê e o que espera do outro.

E sobre a pessoa que estava de pernas cruzadas, relaxadas, assistindo a Netflix, provavelmente se identifica com uma das duas citadas no texto, mas está cansada demais para abrir o Instagram, vai ver ela só quer mesmo curtir um filme/série, antes de voltar à vida dela.

Essa talvez tenha sido a melhor maneira que ela encontrou, dentro de suas possibilidades, para relaxar. E, então, você a julga ou faria o mesmo?

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