Protagonismo feminino: Quando uma pessoa leva à outra

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Quando assisti ao programa Os Normais pela primeira vez, em 2001, me apaixonei instantaneamente pela Fernanda Torres, talvez, naquela época tenha sido pela Vani. Mas logo depois foi pela Fernanda, pela sua maneira de tomar conta daquela personagem e se apropriar tão bem do texto. Eu achava incrível que alguém pudesse atuar de maneira que parecia tão simples e intuitiva. Lá pelas tantas tive a curiosidade de saber quem escrevia, procurei: Fernanda Young e Alexandre Machado.

Fernanda Torres, Crédito: Veja

Lembro que quando pesquisei a Fernanda Young não me retive muito tempo nos seus trabalhos, até que pouco tempo depois, uma amiga que sabia que eu amava Os Normais, me perguntou “Você já leu alguma coisa da Fernanda Young?” e eu respondi que apenas o livro dos Normais, e ela me disse “Você precisa ler um livro dela, eu tenho um. Vou te emprestar” – e me emprestou Aritmética.

Eu já tinha lido muitas coisas, mas Fernanda Young não tem nem categoria para ser colocada, e ali novamente, me apaixonei, fui acompanhando sua carreira, lendo seus livros, fuçando também a carreira da Fernanda Torres. Em pouco tempo eu já sabia quase tudo das duas em questão de trabalhos e acompanhava sempre as notícias que saíam sobre um próximo livro, peça, artigo. Tive a sorte de conhecer a Fernanda Young de perto, conversar e ter alguns livros autografados por ela. Fernanda Torres não tive a oportunidade de conhecer ainda, mas já fui assisti-la no teatro, mais especificamente, numa temporada que ela fez da Casa dos Budas Ditosos, em São Paulo, em julho de 2016.

Fernanda Young, Crédito: Reprodução/Instagram @arnaldo_radalon

Partindo dessa introdução para ficar claro de onde comecei a me interessar mais pela arte, cultura, protagonismo feminino e tudo que pode envolvê-lo; eu queria escrever como a Fernanda Young, queria escrever roteiros para uma Fernanda Torres interpretar, queria descobrir pessoas tão inteligentes quanto elas. Fui indo por este caminho na vida naturalmente. Escrita, teatro, filme, escrevia muito. Escrevi peças, escrevi curtas, longas, escrevi um livro. E li muito, li os artigos da Fernanda Torres na Piauí, no blog da Brastemp, entrevistas suas em diversos sites, programas e revistas, todos os seus livros, filmes escritos por ela como Redentor (2004, dirigido por Cláudio Torres) e O Juízo (2019, dirigido por Andrucha Waddington) e séries em que ela atuou com destaque para Filhos da Pátria, ao lado de um elenco de peso. 

Com o passar do tempo descobri que a Fernanda Young e a Maria Ribeiro eram amigas. Comecei a consumir as coisas que a Maria Ribeiro fazia, como aquele ditado “Me digas com quem andas e te direi quem és” – se anda com a Young, deve ter uma vibe parecida.

Maria Ribeiro, Crédito: Wikipédia

Aliás, preciso chamar a atenção para uma série no Youtube que ela participou chamada “Tudo” para o canal Hysteria com 3 temporadas. Na verdade, recomendo o Hysteria de qualquer forma, tem coisas excelentes e artistas incríveis por lá, inclusive também a Camila Fremder (mais para frente vou falar dela). 

Maria Ribeiro fez muitos filmes, como Tropa de Elite, Entre nós, Histórias de amor duram apenas 90 minutos. Fez parte do elenco de Os 8 Magníficos, de Domingos Oliveira (que inclusive tem também a Fernanda Torres). Dirigiu o documentário Los Hermanos – Esse é só o começo do fim das nossas vidas. Fez algumas séries e, também destaco Desalma com duas temporadas, excelente e sem palavras também para atuação da Cássia Kis e da Cláudia Abreu. Mas em se tratando de filme, ela participou de Como nossos pais.

Como nossos pais é um filme diferente que traz uma visão muito interessante sobre o papel da mãe/mulher sendo pressionada por todos ao seu redor para atuar numa sociedade moderna da maneira como cada um acha que ela deve ser, ele foi escrito por Laís Bodanzky e Luiz Bolognese e dirigido pela própria Laís Bodanzky.

Laís Bodanzky, Crédito: Diego Vara/Pressphoto

Seguindo minha curiosidade adolescente de saber sobre quem escreveu, lá fui eu novamente me deparar com Laís Bodanzky e consumir tudo que ela já tinha produzido. Uma surpresa maravilhosa, relembro que ela escreveu O Bicho de Sete Cabeças. E todos os filmes dela tem uma marca só dela, aqueles que quando você vê, você sabe que é dela. Sabe?!

Recentemente ela participou da 14ª Conferência Anual das Cidades Criativas da Unesco, em Santos, na qual pude assisti-la numa entrevista de 2 horas, contando sobre seus processos criativos, seus roteiros, histórias de filmagens, elencos, técnicos e todas as dores e delícias de se fazer um filme. Inclusive, foi exibido de forma inédita o seu novo longa, protagonizado por Cauã Reymond, chamado “A Viagem de Pedro”. Um filme inexplicável que traz um olhar diferente sobre Dom Pedro I durante sua viagem para Portugal. Estreia dia 1º de setembro nos cinemas. Se você puder, assista!

Voltando um pouco para Maria Ribeiro, atualmente ela faz um podcast junto à Isabel Guéron, Isso não é Noronha, um dos melhores, na minha opinião. Nele elas falam sobre absolutamente tudo, dão suas opiniões sobre vários assuntos, se emocionam e riem, tudo de maneira muito genuína, aliás, durante toda a primeira temporada e início da segunda são apenas as duas (e o Rodrigo Maranhão fazendo a trilha sonora dos finais) – e recentemente começaram a convidar algumas pessoas para participar.

Num dos episódios, Maria fala abertamente que o que a levou a criar esse podcast foi uma certa inveja de outro podcast, o Calcinha Larga, o qual ela adorou e queria ter um igual. Calcinha Larga é um podcast feito por Tati Bernardi, Helen Ramos e Camila Fremder. Toda temporada tem um tema diferente, elas sempre convidam alguém para participar e os assuntos são sempre os mais variados. Também tem alguns quadros fixos como “Dica na mão, calcinha no chão”, “mãe normal ou mãe de merda”, entre outros , diferente de Isso não é Noronha que não tem quadros.

Camilla Femder, Crédito: Hysteria

Depois de ouvir vááários episódios de Calcinha Larga, é impossível não se identificar mais com uma do que com outra, e nesse caso a minha identificação foi com a Camila, que até então eu não conhecia. Lá fui eu, novamente, fuçar sua vida artística; ela é escritora e roteirista e tem mais um podcast de nome “É nóia minha?”. Uma mulher interessante, atual, atuante e super necessária hoje. Criadora da Associação dos Sem Carisma, que é uma associação para reunir nossas confissões e desabafos de pessoas que não têm carisma — ou tem, mas ele acaba rápido”.

Procure saber!

O Calcinha Larga tem MUITOS episódios, e por lá passaram muitos convidados, já recomendei para muita gente e sempre digo para ouvir o episódio da Manuela Cantuária, acho que esse em específico é uma excelente porta de entrada e já logo diz se a pessoa vai gostar ou não. Mas claro que tiveram pessoas incríveis, com pontos de vista e ideias fodas que te fazem refletir e muitas vezes mudar de opiniões e conceitos. Uma das convidadas que passou por lá foi a Júlia Rabello.

Julia Rabello, Crédito: JDM Profissionais

Júlia, leoniníssima, é uma atriz inteligente, com um timing de comédia muito próprio e ótimo. Teve o holofote virado pra ela no Porta dos Fundos, mas eu recomendo segui-la nas redes sociais e ver outros filmes com sua participação, aliás, ela atuou em Shippados, última série escrita pela Fernanda Young, que tem no elenco também as gigantes Tata Werneck e Clarice Falcão onde, juntas, as três fizeram um puta trio engraçadíssimo e cada uma muito dentro do seu tempo, do seu personagem que não eram nada parecidos, mas ao mesmo tempo se encaixavam, como toda amizade é. Uma aposta que deu certíssimo.

E por falar em aposta que deu certo, eu não posso encerrar esse texto sem falar da Ana Clara. Confesso que não assisti a edição dela no BBB, mas na edição 20 ela fazia a entrevista com o eliminado na Globoplay. Como acompanhei aquela edição (super necessária com as mulheres no protagonismo, durante uma pandemia onde tudo era muito incerto), comecei a reparar mais em como ela se comportava nas entrevistas, a maneira de lidar com os entrevistados, as saias justas e acompanhei todo seu crescimento desde então.

Ana Clara, Crédito: TV GLOBO

Recomendo também segui-la nas redes sociais, ela é alguém que quando viaja, arrasa. Melhor que muitos programas de viagens em tv fechada, o instagram dela é riquíssimo de diferentes culturas, lugares incríveis pelo mundo que ela não apenas filma e tira fotos como explica detalhadamente a história de cada lugar. Além disso, ela é uma leitora voraz que está sempre recomendando (e dando suas notas) para alguns livros, muitos dos quais eu li também por pura influência dela.

Aqui citei diversas mulheres as quais eu admiro, consumo seus trabalhos e recomendo sempre que posso. São pessoas que estão aí, produzindo excelentes conteúdos, em diferentes veículos de formas muito diversas. Claro que tem várias outras pessoas que eu citaria aqui, mas este texto já cita muitas e tenho a impressão de que falo tão pouco de cada uma que acabo sendo injusta, com tantas coisas que teria a mais para falar, principalmente sobre alguns trabalhos específicos. Mas estes podem ficar para uma próxima vez.

Talvez você conheça algumas coisas das que citei, tenha lido um livro, visto um filme, uma série, escutado um episódio de um podcast e concorde ou discorde das coisas que eu disse. Mas se você procurar algum trabalho que citei aqui e você não conhecia, isso valeria todas estas linhas.

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