Falar sobre pessoas pode parecer um assunto relativamente fácil, mas se falarmos de pessoas no ambiente de trabalho, quase podemos ouvir algo como “É…” e as reticências se fazem ouvir bastante neste caso.
Isso porque uma empresa é feita por pessoas e liderada por pessoas, encabeçada por pessoas e consumida por outras pessoas. Todas elas. Cada uma. Diferente. E a ideia é que funcione.
Num ambiente profissional é claro que as pessoas ficam naturalmente mais tolerantes, porém para funcionar não adianta apenas tolerância. É preciso ter comprometimento, discernimento, entrega, mas sobretudo, empatia, paciência e respeito.
Não há maneira de fazer qualquer relação funcionar sem respeito e confiança, seja esta uma relação íntima, social ou profissional. Senão, ela acaba ficando desigual e uma hora um dos lados não vai aguentar e ceder. Geralmente o lado que está em desvantagem.
O que muitas vezes acontece é que o lado que cede, o lado menos favorecido, frequentemente é aquele que respeita, que entrega, que se compromete, mas é quase sempre sobrecarregado por pessoas que não se importam com o volume de trabalho do outro, apenas o seu.
Em muitos casos também, os “gerentes” terceirizados desconhecem o trabalho que é feito por sua equipe e por isso, não conseguem mensurar o tempo e o esforço envolvidos no processo. O que quase sempre resulta em prazos apertados para demandas excessivas e dificuldade em dizer exatamente o que ou como realizar a tarefa.
Chacrinha (Stepan Nercessian)
Lidar com pessoas é assunto sério, porque as pessoas são o que fazem uma empresa funcionar. Principalmente em se tratando de comunicação em geral. E como já dizia o famoso Chacrinha “Quem não se comunica, se trumbica”.
Existem diversos tipos de comunicação, porém uma equipe produtiva quase sempre é liderada por alguém que sabe se comunicar com todos. Na verdade, é essencial ter alguém na equipe que saiba liderar. Os sinônimos de liderar, segundo o dicionário, são nortear, orientar e conduzir. E, para isso, é preciso ter uma comunicação sem ruídos.
Vamos usar como exemplo uma orquestra.
New England Conservatory
Numa orquestra cada pessoa é responsável pelo seu instrumento e sabe exatamente o que fazer com ele, segue sua partitura e entende que faz parte de um todo para que o espetáculo aconteça. A partitura de cada um é diferente, o som que cada instrumento, em grupo, produz é diferente. Não há como comparar o som de um violino com o som de um contrabaixo, no entanto, todos têm sua devida importância para que no fim a música aconteça em toda sua completude.
E aí, algumas pessoas se perguntam: “Se cada um lê a sua partitura e sabe o que deve fazer, para que serve o maestro então?” – O maestro serve para orientar, ele é aquela pessoa que não entende de um instrumento específico, mas do todo. Ele domina a melodia. Ele sabe quando um instrumento está desafinado ou quando alguém está fora de ritmo. Ele é o centro do comando para que ninguém se perca. Não perca o compasso, não entre antes ou depois do seu momento ou não fique perdido de qualquer maneira.
O maestro é basicamente a ligação entre os músicos, a melodia e o público. É verdade que sem orquestra não haveria um maestro, entretanto, sem um maestro, a orquestra se perderia.
Ultimamente tem crescido o número de estudos e pesquisas que cada vez mais nos mostram o quanto é importante saber falar, saber passar feedbacks até mesmo em se tratando de motivação e produção. Por exemplo, há muitas maneiras de passar um feedback negativo a uma pessoa, mas dependendo de como for você pode potencializar e aumentar o rendimento de alguém, como você pode acabar com a produtividade e gerar uma insegurança, o que não vai ajudar em nada a sua equipe ou no resultado final.
Sabemos que os grandes aprendizados são através do exemplo e não da fala. As chances de uma criança aprender que cigarros fazem mal e como adulta optar por não fumar é muito maior se não ver seus familiares fumando no dia a dia, em vez de vê-los fumando apesar de ressaltarem que fumar faz mal.
O mesmo se aplica ao ambiente de trabalho. Onde os liderados têm grandes chances de se tornarem futuros líderes e/ou pessoas bem-sucedidas se tiverem um bom exemplo diariamente. Paulo Freire tem uma frase que diz “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”.
Que basicamente nos diz também que se ele tiver alguém num cargo superior que grite e brigue com ele e esteja sempre o deixando para baixo, dificilmente ele não será essa pessoa no futuro. Porque sua forma de aprender será reverberada por ele, quando for o seu momento de ensinar. Lembra do exemplo? É quando o oprimido se torna o opressor.
As pessoas, todas, precisam de duas coisas básicas não só no trabalho como na vida, mas aqui estamos tratando apenas do local de trabalho: Tempo e espaço. Quase uma teoria da relatividade. Mas se trata de uma grande verdade. Nós todos precisamos de tempo para entender, aprimorar, fazer e criar. Assim como precisamos de espaço para as mesmas coisas, entender, aprimorar, fazer e criar.
O tempo de cada um é algo muito importante e claro, diferente. Algumas pessoas aprendem mais rápido, outras levam mais tempo. Algumas têm mais facilidade com alguns assuntos, outras com outros assuntos. Mas quanto mais confiança e segurança a pessoa tem em si e no trabalho que está desenvolvendo, mais qualidade na sua produtividade e é desse espaço que vem novas maneiras de fazer algo, novas criações, ótimas produções e em geral a ascendência tanto do profissional quanto da empresa em questão.
Porém, nem tudo são flores e claro que a máxima “Uma fruta podre apodrece toda a cesta” também pode ser verídica. Uma pessoa ineficaz que não lida bem com feedbacks negativos mesmo quando eles são dados com responsabilidade e visando o bem, que leva tudo para o lado pessoal e não profissional é capaz de implodir a sua empresa dependendo da maneira que você lida com o grupo ou ela pode ser “rejeitada” pela equipe. De qualquer jeito, uma pessoa insatisfeita no seu meio, dificilmente irá conseguir produzir o que você quer e pode também baixar a qualidade que você vinha tendo até então.
Estas pessoas vêm geralmente de um lugar onde, com certeza, não foram lideradas, mas tiveram um chefe. E estão esperando apenas uma chance para conseguir oprimir os outros ao seu redor. Há maneiras, claro, de ajudar estas pessoas, mas a dedicação requer paciência e insistência.
O ideal é acertar no seu time na hora da contratação. Conhecer as pessoas além de suas habilidades profissionais, cursos e graduações. Mas como ela se relaciona em grupo, quais são seus hobbies, o que ela produz fora do ambiente do trabalho também pode dizer muito sobre ela. Porém, aqui é preciso ter muito cuidado para não confundir a linha tênue de profissional e pessoal. E não perder uma ótima pessoa que faria toda diferença na sua equipe.
Existem pessoas e pessoas e algumas delas são boas com outras pessoas. Estas são aquelas que vão trazer os resultados que você quer. Que vão conseguir extrair dos outros o seu melhor e vão conseguir conciliar os interesses de todos numa entrega de qualidade superior.
Valorize as pessoas que são boas em pessoas. Dê a elas a responsabilidade de reger a orquestra da sua empresa e você verá que será o melhor investimento que você já fez.
Uma resposta
Greetings! Very useful advice in this particular article! Its the little changes that will make the largest changes. Thanks a lot for sharing!