A Pop art continua pop

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Pop art é o movimento artístico que surgiu  no Reino Unido em 1950 mas teve o seu apogeu na barulhenta década de 60, nos Estados Unidos. O batismo da escola artística foi do crítico de arte britânico Laurence Alloway.
 
O propósito era admitir a crise de identidade artística do pós-guerra, fruto da massificação capitalista. A Pop art trouxe um viés estético que redefiniu a nova cultura pop de forma parecida com o que os alemães denominavam kitsch.
 
Fundado em Londres na década de 50, o Independent Group foi o verdadeiro precursor da Pop art. Além de Alloway, o grupo reunia artistas talentosos como Smithson, Richard Hamilton, Eduardo Paollozzi, Banham e outros…
 
 
Em 1956, o Independent Group se dissolveu após exibir:“This Is Tomorrow” na Whitechapel Gallery. O artista Richard Hamilton apresentou a colagem “Just what is it that makes today’s homes so different, so appealing?” ou “O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes?”
 
A Pop art foi mesmo o estopim da passagem da modernidade para a pós-modernidade da cultura ocidental. A defesa da arte popular trouxe uma atitude adversa ao hermetismo da arte moderna. Nesse sentido, o movimento se colocou na cena artística como a vanguarda da nova arte.
 
O objetivo do movimento era a crítica da sociedade capitalista através de símbolos do consumismo que retratavam a massificação da publicidade com uso de materiais diferenciados como: gesso, tinta acrílica, poliéster e latex; em cores fluorescentes, brilhantes e vibrantes .
 
Colagem – Majid Farahani
Os Estados Unidos trabalharam isoladamente até 1963, quando duas exposições: “Arte 1963: novo vocabulário, Arts Council”, na Filadélfia; e  “Os novos realistas, Sidney Janis Gallery”, em Nova York”; reuniram obras que se beneficiavam de material publicitário. Foi o gatilho da Pop art.
 
É nesse momento que surgem artistas como: Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Claes Oldenburg, James Rosenquist e Tom Wesselmann como os principais expoentes do movimento nos EUA. Sem estilo comum ou manifestos, os trabalhos se afinaram pela temática, por traços simples e cores saturadas
 
Os artistas tomaram como referência a tradição figurativa local. As colagens tridimensionais de Robert Rauschenberg e as imagens planas de Jasper Johns que abriram a arte para a utilização de imagens e objetos do cotidiano. Nesse contexto, não se enquadraria mais o expressionismo abstrato.
 
Oh, Jeff…I Love You, Too…But…”, de Roy Lichtenstein
Mas o cardápio da Pop art aceitava a “paródia” em trabalhos como:”Pincela” de Roy Lichtenstein. No grupo americano, Tom Wesselmann liga-se às “naturezas-mortas” compostas com produtos comerciais. O de Lichtenstein, os quadrinhos Whaam!; e o de Claes Oldenburg, as esculturas.
 
É possível observar nessa fase inclusive, o encanto britânico pelo american way of life. O Reino Unido ainda passava pela reconstrução do pós-guerra e vislumbrava a prosperidade econômica americana. Aos poucos, os britânicos assimilaram a cultura artística industrializada de forma eclética e universal.
 
Apesar de batizada na Terra da Rainha, os Estados Unidos foram mesmo o polo irradiador da Pop art que encantaria os quatro cantos do mundo. Repensar a arte e reproduzi-la para uma grande parte da população, trouxe uma legião de adeptos pela identidade e simplicidade do movimento.
 
Os pilares de latas campbell no edifício da Academia Real Escocesa. Warhol exhibition
Como muitos outros artistas, Andy Warhol criou obras em cima de elementos do cotidiano, da música popular e do cinema como: Michael Jackson, Elvis Presley, Elizabeth Taylor, Brigitte Bardot, Marlon Brando, Liza Minelli e Marilyn Monroe. Warhol foi sem dúvida, o maior ícone da Pop art.
 
Ele explicitava as personalidades públicas como figuras impessoais e vazias, associando-as à técnica que reproduzia retratos de forma mecânica. Utilizava a serigrafia para mostrar a banalidade capitalista como garrafas de Coca-Cola, latas de sopa Campbell e símbolos consumistas. 
 
Andy Warhol
A Arte pop não é necessariamente feita pelas massas, mas sim dedicada às massas, como batizada por Alloway. Richard Hamilton definiu bem: A Pop art é: “Popular, transitória, consumível, de baixo custo, produzida em massa, jovem, espirituosa, sexy, chamativa, glamorosa e um grande negócio”. 
 
As imagens populares do cotidiano faziam uma crítica irônica ao capitalismo com ítens banais como embalagens industrializadas, produtos descartáveis, quadrinhos, fotografia e etc. É a arte figurativa qualificada ao expressionismo, influenciada pela estética anterior à 2ª Guerra Mundial
 
A inspiração em elementos até então não reconhecidos como arte, faziam a popularização do novo conceito. Ela foi a transição para o pós-modernismo, com características das tendências da sociedade capitalista e da cultura das massas. Uma ideia improvável que encantaria o mundo até hoje.
 
A Pop art nunca se distanciou da realidade, visando a procura, a crítica e as falhas do sistema; e o consumismo desenfreado no melhor estilo de Richard Hamilton, definindo imagens que caíam como base para o movimento que aproximou as pessoas comuns de um novo conceito artístico.
 
O jovem Jean-Michel Basquiat 
Basquiat foi um dos mais talentosos artistas americanos de todos os tempos. Ganhou notoriedade fazendo grafites em Manhatthan para depois se tornar pintor neo-expressionista. É uma referência para os jovens artistas. Sua obra Untitled foi vendida por US$110,5 milhões.
 
Basquiat nasceu em Nova York, filho de pai haitiano e mãe com ascendência portoriquenha. Desde cedo demostrou uma aptidão incrível para a arte incentivado por sua mãe. Aos 11 anos de idade, já era fluente em francês, inglês e espanhol. 
 
Junto com Al Dias grafitava nos arredores do bairro sob o pseudônimo de SAMO, da sigla: “mesma velha merda”. Eram mensagens enigmáticas que despertaram a curiosidade local e que os tornaram celebridades na região do SoHo.
 
Ao participar do The Times Square, da Collaborative Projects Incorporated, a carreira de Basquiat decolou. Foi o artista mais jovem a participar da documenta, na Alemanha. Seus trabalhos foram exibidos ao lado de Joseph Beuys, Anselm Kiefer, Gerhard Richter, Cy Twombly e Andy Warhol
 
Dos Cabezas, de Basquiat
Após encontrar com Warhol, Basquiat foi para casa e pintou Dos Cabezas, que acendeu a amizade com Warhol que depois disse: “Eu tirei uma foto na Polaroid e ele foi para casa. Em duas horas a pintura estava de volta, ainda molhada, dele e eu juntos”. 
 
Basquiat também  trabalhou no estúdio de um certo  Larry Gagosian criando pinturas para a Galeria, em West Hollyood. Certa vez ele apareceu com uma namorada até então desconhecida de nome Madonna. Ele disse a Gagosian: “ela vai ser a maior estrela pop do mundo”.
 
Ainda que o seu estilo não fosse a Pop art, sua genialidade estiveram lado a lado com os ícones do movimento. Mas por aqueles caprichos do destino, Basquiat abreviou sua história, vindo a falecer com apenas 27 anos pelo consumo excessivo de drogas. Sua obra permanece eterna.
 
Untitled, de Basquiat

O quadro de mais R$ 1 bilhão

Shot Sage Blue Marilyn, de Andy Warhol
A compra do famoso retrato de Marilyn Monroe feito por Andy Warhol, causou frisson no mundo cultural e colocou Larry Gagosian em evidência ao desembolsar US$ 195 milhões, elevando o seu status como a obra mais cara concebida no século 20.
 
Gagosian é aquele mesmo para quem Basquiat trabalhou. Neto de imigrantes armênios, estudou literatura inglesa na Universidade da Califórnia. Ele começou a carreira vendendo pósteres nos anos 70, e depois viria a se tornar uma das figuras mais poderosas no metiê artístico no mundo. 
 
Aos 77 anos, Gagosian é hoje um dos maiores negociadores de arte do mundo, com uma carteira de vendas na casa de US$ 1 bilhão/ano. Possui 19 espaços de exibição espalhados pelo mundo, desde  Nova York até Hong Kong. É figura presente em qualquer encontro, exposição e/ou evento ligado às artes.
 
Larry Gagosian
Discreto, ele costuma comprar quadros e esculturas em nome de investidores, como o CEO da Blackstone, Steve Schwarzman. Ele ainda não revelou em nome de quem ele arrematou o quadro de Warhol, Shot Sage Blue Marilyn
 
Apesar de ficar no anonimato, Gagosian já protagonizou disputas polêmicas. Uma delas opôs o bilionário americano Leon Black e um membro da família real do Catar em torno da posse da escultura de Pablo Picasso, “Busto de Mulher”.
 
Gagosian afirmou ter comprado a escultura para Black por US$ 106 milhões. Mas um agente do Sheik Jassim bin Abdul Aziz Al-Thani também dizia ter comprado a mesma escultura por meros US$ 47,4 milhões. As partes se acordaram em 2017. Black levou a obra.
 
 

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9 respostas

  1. Gostei muito da forma como foi conceituada a Pop art e da arte como espaço para críticas ao capitalismo.
    Tens mais um seguidor!

  2. O interessante do pop art não é só sua crítica ao capitalismo, mas que por sua vez alimenta o que crítica. Hoje em dia, pop art está difundida na sociedade em roupas, comidas e estilo de vida.
    É ótimo para a conhecimento cultural, mas ao mesmo tempo pode causar um esquecimento de culturas locais.

  3. Excelente tema abordado, gosto da parte da crítica ao capitalismo que esse assunto aborda, vejo que hoje em dia saiu dos quadros e está introduzida em todos os aspectos da sociedade.
    Parabéns pela matéria

  4. Não tinha a menor ideia do que era e representava a pop art. O artigo descreve muito bem o movimento, parabéns pela matéria.

  5. Can I simply say what a comfort to find someone that actually understands what theyre discussing on the net. You actually realize how to bring a problem to light and make it important. More and more people really need to read this and understand this side of your story. I was surprised that youre not more popular since you definitely possess the gift.

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