O século XXI já começou nervoso. Ninguém poderia imaginar que aquela ensolarada terça-feira de verão nova-iorquino seria o palco de um dos capítulos mais sombrios da história. Eu estava no escritório quando uma colega entrou e disse: “liga a TV que um avião bateu nas Torres”. Imaginei uma daquelas coberturas espetaculosas, típicas do jornalismo americano, mas o que se seguiu naquele 11 de setembro foi uma covardia sem precedentes.
Parecia um daqueles filmes de terror com invasão alienígena, desastres naturais e fim do mundo. Mas, infelizmente, era tudo em tempo real. Uma carnificina desnecessária motivada por um ódio secular que mudaria para sempre as relações entre pessoas e países.
Como aconteceu o 11 de Setembro
Quatro voos comerciais foram sequestrados por membros do grupo terrorista Al-Qaeda para serem lançados contra alvos civis. As emissoras já cobriam, ao vivo, o acidente no World Trade Center, quando o segundo avião explodiu contra a Torre Sul. A partir de então, ficou claro que algo muito ruim estava acontecendo.
Os EUA estavam sendo atacados dentro de sua “sala de jantar”. As cenas de desespero, pessoas correndo pelas ruas cobertas de fuligem, gente se atirando pela janela, bombeiros desesperados resgatando vítimas, informações desencontradas, o risco nuclear e o sentimento de impotência são inesquecíveis.
Um 3º avião foi lançado contra o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA, tirando a vida de 125 pessoas. A história do 4º avião foi recheada de atos heroicos, que serviram, inclusive, de inspiração ao filme Voo United 93.
Como o voo atrasou, os passageiros embarcaram já sabendo dos atentados. Pelas ligações de celulares e os relatos dos parentes, é possível comprovar que ao perceberem que estavam num voo suicida, um grupo de passageiros e tripulantes confrontou os sequestradores, o que precipitou a queda do avião antes de chegar ao seu destino: Washington D.C. e cair na região de Shanksville sem deixar deixar sobreviventes.
A Terra do Tio Sam sempre teve um lugar de destaque quando se fala no liberalismo americano. O ataque às Torres Gêmeas acertou em cheio a capital do mundo livre. Nada mais cosmopolita e cool do que New York. Seja a Gotham City de Batman ou a Metropolis de Superman. A arte de Andy Warhol ou o grafite de Basquiat, a música de Frank Sinatra e os filmes inesquecíveis como: Outono em Nova York, O Lobo de Wall Street e O Diabo de Veste Prada, fazem da Big Apple a cidade mais querida do mundo. I Love New York.
Consequências
O 11 de setembro deixou a águia americana ferida em seu ponto mais sensível: a Liberdade. De polícia do mundo, se tornou uma vítima raivosa. As relações precisaram ser refeitas com inimigos e aliados. Ainda em 2001, organizou a força tarefa que invadiu o Afeganistão, se embrenhando em cavernas e comunidades carentes para desmantelar as bases da Al-Qaeda e tirar o Talibã do poder. Era, assim, o início da “Guerra ao Terror” com a nova retórica: “só existem dois lados: os que estão conosco e os que estão contra nós”. Em 2003, invadiu o Iraque sob o pretexto de possuírem armas de destruição em massa, o que nunca foi comprovado.
O mundo pós-11 de setembro se tornou um lugar muito perigoso. O inimigo ficou invisível, não havia mais exército, nem trincheiras e nem sirenes de aviso. As ações passaram a acontecer em células espalhadas com um homem-bomba disposto a matar ou morrer dentro de um avião, uma casa de shows, um estádio de futebol ou uma estação de metrô.
As estratégias são as mais bizarras utilizando idosos, mulheres e crianças. Em 20 anos de conflito, o maior troféu foi a cabeça de Bin Laden, o líder do atentado emboscado no Paquistão em 2011. A população pobre e vulnerável continua sendo usada como escudo. Enfim, o último ato foi a melancólica retirada do Afeganistão com pessoas agarradas à fuselagem do avião.
